terça-feira, janeiro 24, 2006

Síntese da História do Porto.

A conquista de Portucale em 868 por Vímara Peres, guerreiro de Afonso III, de Leão, é aqui considerada, com razão, acontecimento da mais antiga História do Porto. A povoação de Portucale in Castro novo era desde a segunda metade do séc. VI, desde os tempos dos Suevos, sede da Diocese Portugalense, mas a partir de 868 a sua importância aumenta: torna-se o centro do movimento de reconquista e de aglutinação das terras circundantes, as quais por tal facto em meados do séc. X passam a constituir a província portugalensis, a cujos habitantes logo se dá o nome de portugalenses, e entre os quais começam a surgir as primeiras e vagas manifestações de sentimento nacional. Portucale, foi, por isso, na verdade, quem deu nome e origem à Nação Portuguesa! Em 1120, a Rainha D. Tareja viúva do conde D. Henrique, doa ao Bispo D. Hugo e os seus sucessores o pequeno Burgo do Porto e um Couto a que o Bispo dá Foral em 1123, e cujos limites D. Afonso Henrique mais tarde confirmou e ampliou. Em 1147 entraram no Douro os Cruzados nórdicos que faziam parte da Segunda Cruzada à Terra Santa e é o Bispo do Porto D. Pedro Pitões quem lhes prega no Crasto de Portucale, no alto do monte, em frente da Sé, um eloquente sermão, exortando-os a irem auxiliar D. Afonso Henrique na conquista de Lisboa; depois o Bispo Portugalense acompanha a armada e toma parte na bélica empresa. Caída em poder dos Cristão a formosa Princesa do Tejo, entrou o Porto rapidamente a desenvolver-se. Cresce em população e importância económica, e os burgueses envolvem-se em questões e em lutas com os seus Bispos, aos quais, aliás, o Burgo devia, mas de cuja subordinação temporal os revoltosos anseavam libertar-se. Não raro o Rei serviu de medianeiro entre as partes desavindas, sendo D. João I quem, ao cabo de dois séculos, faz terminar essas contendas, consentindo em comprar aos Bispos do Porto o direito à jurisdição temporal que estes diziam ter sobre o Burgo e respectivo coutos. Ao mesmo Mestre de Avis, porque se apresentava como Regedor e Defensor de Portugal contra os Castelhanos, o Porto prestara tais serviços na crise de 1383-1385, que dele recebeu o título de MUI NOBRE E SEMPRE LEAL CIDADE. Segue-se o Ciclo das Conquistas e Descobrimentos Ultramarinos. Da mesma forma que do norte do país tinham saído os guerreiros que conquistaram o sul aos Mouros, também do Norte, onde nasceu o portuense Infante D. Henrique e tantos navegadores, partiu um decisivo impulso para as grandes navegações marítimas; o Porto, no séc. XV, era uma das cidades das Espanhas onde mais navios se fabricavam e donde mais marinheiros saíram. Mas nem só o comércio e as navegações interessavam aos burgueses do Porto. Também entre eles houve muitos e excelentes cultores das Belas-Artes que honraram a cultura nacional, desde, segundo é fama, o Vasco de Lobeira, do Amadis de Gaula, até aos poetas do Cancioneiro de Garcia de Resende como Diogo Brandão e Fernão Brandão, ou ao celebrado Pero Vaz de Caminha, autor insigne da Carta do Achamento do Brasil, mundialmente conhecida e admirada. Quando, após o cativeiro filipino, Portugal recupera a independência, o Porto assume entusiasticamente um papel de relevo nas lutas da Restauração e sustenta à sua custa um Terço de Tropas. Pela Pátria, o Porto solta em 1808 o grupo de revolta contra Junot e sofre em 1809 todo o peso da invasão de Soult, bem como as suas trágicas consequências. Mas nem tudo são guerras na História do Porto. Na segunda metade do séc. XVIII a Cidade, que se enriquecera extraordinariamente, cresceu, monumentalizou-se, modernizou-se graças aos Almadas: e no séc. XIX o Porto deu à Nação poetas como Garrett e criou escultores da grandeza de Soares dos Reis. É claro que na base de todas as acções colectivas dum povo está o próprio povo: a gente obscura, cujos nomes não ficaram na história, mas que trabalhou, sofreu e se sacrificou, que deu a sua fazenda, as suas forças e a sua vida para que as pátrias fossem gloriosas e grandes. Não o esqueceu Guilherme Camarinha, nas tapeçarias da Câmara Municipal do Porto, pois colocou em lugar de relevo na base da sua assombrosa composição os lavradores, os mesteirais, os carpinteiros, os petintais, os carniceiros, a trabalhar na preparação da armada que da Ribeira do Douro no ano de 1415 partiu para Ceuta sob o comando do Infante D. Henrique.
O povo do Porto, entre cujas qualidades avulta a de um profundo sentimento de civismo, deu quanto tinha para o aparelhamento e abastecimento desses navios; generosa e patrioticamente os portuenses cederam toda a carne das rezes, e porque, para sua alimentação, só ficaram com as vísceras desses animais, ganharam um epíteto que é o seu mais lídimo título de orgulho: - o de Tripeiros!


Fonte - http://www.portoturismo.pt/

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Gastronomia - Bacalhau à Gomes de Sá

Gomes de Sá era um comerciante do Porto nos finais do Séc. XIX. A ele se deve esta receita de bacalhau que, segundo a lenda, terá sido criada com os mesmos ingredientes (à excepção do leite) com que semanalmente fazia os bolinhos de bacalhau que deliciavam os amigos. Com efeito, os ingredientes são os mesmos, mas a receita resulta de uma confecção cuidada e de grande requinte. A receita que se segue é retirada de um manuscrito atribuído ao próprio Gomes de Sá que terá dado a receita a um seu amigo, João, com a deliciosa nota: "João se alterar qualquer cousa já não fica capaz"


Receita original
“Pega-se no bacalhau demolhado e deita-se numa caçarola. Depois cobre-se tudo com água a ferver e depois tapa-se com uma baeta grossa ou um pedaço de cobertor e deixa-se então assim sem ferver durante 20 minutos. A seguir, ao bacalhau que está na caçarola e que devem ser 2 quilos pesados em cru, tiram-se-lhe todas as espinhas e faz-se em lascas e põe-se num prato fundo cobrindo-se com leite quente, deixando-o em infusão durante uma hora e meia a duas horas.Depois em uma travessa de ir ao forno, deita-se três decilitros de azeite fino do mais fino (isto é essencial), quatro dentes de alho e oito cebolas alourar. Ter já dois quilos de batatas (cortadas à parte com casca) às quais se lhes tira a pele e se cortam às rodelas da grossura de um centímetro e bota-se as batatas mais as lascas do bacalhau que se retiram do leite. Põe-se então na mesma travessa no forno, deixando-se ferver tudo por dez a quinze minutos. Serve-se na mesma travessa com azeitonas grandes pretas, muito boas e mais um ramo de salsa muito picada e rodelas de ovo cozido. Deve-se servir bem quente, muito quente.”


Mais informações em http://www.portoturismo.pt

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Gentes do Porto - Rui Veloso

Considerado como o "pai do rock português", este compositor e intérprete, nascido em 1957, criou uma verdadeira ruptura na música portuguesa com o disco Ar de Rock (Abril de 1980 ).
Canções como Chico Fininho e A Rapariguinha do Shopping tornaram-se, assim, clássicos da década.

As suas letras, geralmente escritas por Carlos Tê, encontram-se fortemente marcadas pela cultura e pelo imaginário do Porto. Este amador incondicional dos blues, igualmente fascinado por Jimmy Hendrix e que já tocou ao lado de B. B. King, tornou-se também um dos músicos portugueses mais produtivos, como testemunha a sua já longa discografia.

sábado, janeiro 07, 2006

Museu do Vinho do Porto

Dados retirados do site da C.M. Porto

Rua de Monchique, 45-524050-394 Porto
Tel.: 222076300
Fax: 222076309

Horário: Terça-feira a Domingo, das 11h00 às 19h00.
Fechado à Segunda-feira e feriados.

O Museu do Vinho do Porto, não é um museu da vinha e sua produção, mas do Vinho do Porto, sua actividade comercial com as naturais repercussões no desenvolvimento histórico da cidade.
Instalado no armazém do Cais Novo, mandado construir junto à casa com o mesmo nome, por iniciativa da família duriense Pinto da Cunha Saavedra, para depósito dos vinhos pertencentes à Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, criada pelo Marquês de Pombal, a cuja direcção esta família esteve ligada desde as suas origens em 1756.
A riqueza arquitectónica da sua construção e importância enquanto armazém de vinhos provenientes do Alto Douro e na história comercial da cidade, traduz-se num espaço por excelência para a localização do Núcleo Comercial – Museu do Vinho do Porto.
Os mesmos armazéns foram, entre 1822 e 1872, pela insuficiência de espaço para recolha da carga dos muitos navios que afluíam à cidade, depósito da alfândega do Porto, para os géneros coloniais, passando a ser conhecidos por Alfândega de Massarelos.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Os Tripeiros. - Porque?

Os habitantes do Porto são conhecidos como Tripeiros, devido aos sacrifícios que fizeram para ajudar o exército que conquistou Ceuta em 1415. Diz-se que eles deram toda a comida boa às tropas e apenas ficaram com a tripa para comer. Por essa razão, actualmente, um dos pratos mais tradicionais da cidade são as "tripas à moda do Porto".

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Teatro Nacional de S. João

Na Primavera de 1762, uma companhia lírica foi responsável pelo acontecimento cultural do Porto. Mademoiselle Guitini, senhora de uma beleza excepcional, cantou no que foi o primeiro teatro lírico português, actualmente desaparecido. O filho do governador da cidade, Francisco de Almada, aplaudiu-a, ganhou os seus favores e não se esqueceu da actriz, quando o Teatro de S. João foi inaugurado em 1798, na actual Praça da Batalha, houve quem pensasse que prestava assim homenagem à cantora. Este teatro, que se tornou o ponto de encontro obrigatório da geração romântica, foi destruído por um incêndio numa noite de Abril de 1908.

Hoje, o edifício totalmente reconstruído pelo arquitecto Marques da Silva (1869/1947) é um dos principais edifícios da cidade e local de realização dos principais espectáculos culturais da cidade. Nele encontra-se a Companhia Nacional do teatro S. João.