sábado, dezembro 31, 2005

Mais um ano...

Mais um ano passou. Um ano! O que é para ti um ano?
No meio disto tudo nós somos como o pó, que passa por ti, enquanto tu ficas sempre altiva no teu lugar alheia ao mais comum dos mortais. Outro ano que se aproxima, para ti é como se de mais um dia se tratasse, apesar da tua cara estar em constante mudança a tua alma essa não muda.
Espero ver-te cá quando acordar amanha, noutro ano.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Mercado do Bolhão

"É vulgar dizer-se que no Mercado do Bolhão mora a verdadeira alma, o profundo carácter, a singular mundividência das gentes do Porto. "




Um local ímpar para se conhecer e um dos pontos de referência da cidade.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Homenagem às Almas.

Quase no extremo do muro da Ribeira, um baixo relevo do escultor Teixeira Lopes relembra a morte das centenas de pessoas que, para fugir às tropas de Soult, se precipitaram para a Ponte das Barcas, provocando o seu afundamento. A população local mantém, com velas acesas, a memória da tragédia.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Porque?

Eu nunca fui o mais popular, mas sempre me tentei destacar, nunca ganhei, mas sempre tentei alcançar a vitória. Será assim tão difícil ver que nunca serei mais do que sou neste momento?
Porque?
A luta continua, eu sigo o meu caminho. Sempre me disseram que tudo era preto e branco. Mas dentro de ti descobri o cinzento, algo que me dá força na vida. Tu não olhas com desdém para mim, tu abraças-me e guias-me. Nos teus terraços, parapeitos e varandas o céu torna-se diferente as estrelas têm outro brilho.
Porque?

Tu tomaste conta de mim, nunca questionaste o porque de deambular nos teus recantos, nunca fizeste juízos sobre mim. Tu trouxeste a força que eu julgava perdida, enfrentar todos os dias até à eternidade é difícil mas tu consegues, então porque não consigo eu enfrentar todos os dias até ao meu descanso final.
Porque?
A ansiedade que sinto, o nervosismo, eu sei lá, só tu me ouves só tu consegues escutar os meus sentimentos, vês a minha alma o meu coração, contigo desabafo apesar de não teres forma corpórea eu sinto que estas á minha volta.
Porque?
O amor é algo que dói, a paixão é uma invenção de pessoas masoquistas e que todos nós gostamos de sentir, por mais que doa o prazer que pode sair é algo que nos leva a rasgar o peito e marchar sempre em frente. Tu como minha confidente já ouviste tudo e no entanto ainda me deixas entrar, como se nada tivesse acontecido. És minha amiga? Será que me amas? Ou simplesmente gostas deste meu sentimento de amor e ódio que preenche esse teu lado cinzento? Será que gostas de me ver assim mal para tão bem me enquadrar dentro de ti? Tens orgulho em mim?
Porque?
Eu continuo.

Porque?
Sempre com as mesmas tentativas e os mesmos falhanços.
Porque?
Quando a chuva cai apaga o fogo em mim. Será que vais estar sempre lá para mim? Diz-me que sim pois eu sem ti não sei como me orientar. Eu amo-te.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Gentes do Porto - Almeida Garret

Nasceu no Porto, em 4 de Fevereiro de 1799; morreu em Lisboa em 9 de Dezembro de 1854.
Escritor e Dramaturgo romântico, foi o proponente da edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e da criação do Conservatório.
Na sua actividade de dramaturgo propõe-se criar um repertório dramático português. Como romancista, Garrett é considerado o criador da prosa moderna em Portugal. Na poesia, é dos primeiros a libertar-se dos cânones clássicos e a introduzir em Portugal a nova estética romântica


Imagem:
Obra realizada por Salvador Carvão da Silva Barata Feyo, está situada na Praça General Humberto Delgado. Inaugurada em Novembro de 1954, esta estátua de bronze, representando o poeta, foi concebida para assinalar o centenário da sua morte.

domingo, dezembro 18, 2005

A Guardiã da Cidade

Torre dos Clérigos.

Eis que surge imponente a torre que vigia a cidade. Nunca dorme, sempre a zelar pelo o que à sua volta existe. Entrar dentro dela, subir as escadas e olhar pela janela no seu topo e contemplar a paisagem que nos rodeia é fantástico.
Toda uma série de edifícios antigos a quem o tempo não poupou. Observar as gentes que passam em baixo tão pequenas, deixa-nos com a sensação de deuses. Dali poderíamos controlar o mundo (quase), mas eu não quero dominar o mundo quero deixá-lo seguir o seu rumo e simplesmente encostar-me na janela observar tudo e por momentos sentir-me um criador, que vê o resultado da sua obra.
Porto que me raptas-te a alma, no alto da tua guardiã sinto-me o mestre que pintou a tela da qual me orgulho de ver.




Obra de Nicolau Nasoni, construída durante o séc. XVIII, em estilo barroco. Destaca-se o interior da igreja decorada com talha barroca-rococó, o retábulo policromado de Manuel Porto e a imponente torre de 75,60 m.

Sé do Porto( Catedral )



Edifício construído no século XII, em estilo românico. Na torre do lado Norte um baixo relevo representando uma embarcação do século XIV simboliza a vocação marítima da cidade. A Sé recebeu importantes beneficiações no período gótico e no século XVIII. No interior destacam-se a sacristia, o claustro, a capela de João Gordo ( com um notável túmulo gótico ) a Sala do Capítulo e a exposição de Arte Sacra. As pinturas de Nicolau Nasoni, o retábulo-mor em talha dourada e o altar em prata do Santíssimo Sacramento são do período barroco.
A Sé representa a grande vocação cristã das gentes da cidade, este é sem dúvida o mais importante local de culto no Porto.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Homenagem ao carro eléctrico.

O carro eléctrico surge com naturalidade pela zona ribeirinha. Ninguém o estranha, já faz parte da pintura. Os seus carris rasgam as pedras por onde ele passa como modo de afirmação. Desde a Alfandega passando por Massarelos até avistarmos a Foz, ver a força do rio a ser quebrada pela entrada no mar olhar o horizonte e sentir o que os nossos antepassados sentiam aquando dos descobrimentos. A mesma força magnética que os chamava continua tão forte agora como naqueles tempos. Olhando para o rio através das janelas do eléctrico, ainda vejo alguns barcos rebelos, as caves do afamado vinho do Porto, observo todas as capelas que junto ao rio se encontram em que noutros tempos as mulheres rezavam para o bom regresso dos maridos da vida da faina. Os bairros tipicamente portuenses labirínticos e as “ilhas”, antigos armazéns, mil e uma coisa. Mas o melhor mesmo é partilhar esse sentimento com aqueles de quem gostamos, quer sejam amigos, familiares ou paixões.
Não perca uma oportunidade de andar de eléctrico no Porto, veja tudo por um prisma completamente diferente daquele que teria se fosse de carro ou mesmo a pé.

Pelas ruas estreitas caminho.

Caminhar nas ruas estreitas do Porto dá uma sensação paradoxal, porque apesar de serem ruas onde o Sol pouco entra e serem frias e escuras, o calor delas emanado é grande. Para tal basta entrar num café, restaurante ou simplesmente parar e falar com as pessoas, aí vemos que o calor humano é superior à frieza da pedra.
Convido todos voçês a irem passear pela zona histórica da Sé, passar pela Rua Escura irem até aos barzinhos da Ribeira e vejam e sintam o calor que mesmo nestes dias de frio não passa despercebido.

Porto Sentido



Música: Rui Veloso
Letra: Carlos Tê

Quem vem e atravessa o rio
junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende ate ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.

Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.


E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria

[refrão]
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento


E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Assim começa...

... a viagem.
O Porto! Invicta cidade, ao qual nos teus pés todos se rendem. Pensar no Porto como cidade apenas é estar a diminuir aquilo que representa, pois é na sua forma empírica que ela demonstra toda a sua grandeza. Sentir e viver o Porto é algo que cada um de nós sente à sua maneira, ser portuense não é pertencer a uma cidade, mas sim a um local místico, qual Olimpo.
Pelas suas ruas e calçadas gosto de caminhar, sentir o cheiro, ouvir as vozes já familiares de tantos anos de passagens. Sentir que pelas ruas estreitas, pelas vielas os edifícios se curvam, como se nos sofucassem, sentir aquele espaço por onde o Sol entra de esguelha, como que a dizer que apesar do ar gótico e melancólico podemos encontrar a luz nos espaços mais abertos da cidade nas suas praças e avenidas.
Toda a cidade transpira um ar de eloquência, que é levada ao seu expoente máximo em cada edifício, em cada rua, em cada pedra mas mais importante em todos aqueles que fazem com que a cidade seja aquilo que é, ou seja, nós enquanto humanos e indivíduos pensantes e cada um diferente na sua maneira de pensar.
Por tudo isto tenho motivos para amar o Porto.